Desabafo de uma mulher: O dia em que desisti de ser gostosa

bonecaHoje, 26 de junho de 2013, é oficialmente o dia em que desisti de tentar ser gostosa. Essa declaração, que pode parecer cômica, para mim é quase uma carta de alforria. Desde que me entendo por gente (creio que até antes disso) estou inserida direta ou indiretamente na opressora ditadura da beleza, como a maioria das mulheres. Vi minha mãe passar a vida toda lutando contra a obesidade, enquanto íamos em consultas médicas (?) para que ela pegasse remédios tarja preta para emagrecer. Talvez ainda não soubesse a tabuada do três, mas já sabia a dieta da lua, da sopa, dos pontos e qualquer outra que prometesse perder 10kg em uma semana.

Não culpo minha mãe por nada disso, porque sei o quanto ela sofria com o efeito sanfona e por se sentir tão infeliz com seu corpo, mas, nesse contexto maluco e lendo revistas Nova, aos 14 anos eu tive anorexia. Com certeza muitos que me conhecem ficarão chocados com essa informação e se questionarão como alguém que já é tão magra pode ter tido anorexia, mas eu tive. O quadro não se agravou a ponto de eu precisar de ajuda médica graças a minha irmã, que foi a única a notar que algo estava errado comigo, mas passei algum tempo me alimentando apenas de frutas. Quando chegava da escola, após uma manhã de jejum, revirava a comida que minha mãe havia deixado nas panelas em cima do fogão e colocava um prato, talheres e um copo molhados no escorredor de louça, para parecer que eu havia almoçado. Às vezes dava minha parte para meus cachorros, para a quantidade de comida diminuir e ninguém notar. Tudo friamente calculado. Então comia uma fruta e ia dormir, me sentindo cansada. Acordava umas cinco da tarde, fazia pelo menos meia hora de exercícios físicos e algumas horas depois dormia novamente, me sentindo muito fraca, mas feliz por estar no caminho para ser magra.

barbieCom mais ou menos 16 anos me livrei completamente da anorexia e me sentia feliz, mas quando fiz uns 18 ou 19 tive uma recaída e desenvolvi um pensamento bulímico que para minha sorte meu corpo recusou. Sentia muita alegria ao comer, mas chorava em seguida, arrependida, e tentava vomitar enfiando o dedo na garganta, sem nunca ser “bem-sucedida”. No desespero de vomitar eu comecei a tentar com a escova de dente, que era maior que meu dedo, mas tudo que consegui foi adquirir cortes na garganta, que sangravam e doíam profundamente. Pela falta de “resultados” que faziam com que eu me sentisse uma incompetente, frustrada por não “ser nem mesmo capaz de vomitar e continuar sendo gorda” (como eu pensava na época), desisti após um tempo da bulimia, mas continuei sofrendo internamente.

Quando entrei na faculdade trabalhava o dia todo e dormia só quatro horas por noite, então meu tempo se tornou escasso demais para pensar no corpo e tudo parecia bem. Mas aí de repente, não mais que de repente, a moda virou. As panicats e mulheres frutas surgiram e eu não precisava mais ser magra. Eu precisava ser gostosa, ganhar massa, muita massa. Minha perna teria que dobrar de tamanho, minhas calças nº 36 precisavam ser trocadas por outras nº 40 e meus braços, que são naturalmente grossinhos, de um dia para o outro pareciam finos demais. Comecei a ser mais frequentemente chamada de magrela e ossuda, o que, claro, transtornava minha cabecinha perturbada. Em desespero eu usava duas ou às vezes até três calças, mesmo no calor, para parecer que tinha mais bunda. Eu, que sempre fui adepta de esportes, aos 23 anos mudei radicalmente de opinião e me matriculei na academia. Malhar 5 vezes por semana, cerca de três horas por dia, somado aos remédios (sim, remédios) que abriam o apetite e diversas doses por dia de proteína me fizeram aumentar um número e passar dos 45kg para os 51kg.

O problema é que ainda assim eu não me sentia feliz e parei e retomei a academia muitas vezes. Esse ano tentei novamente, mas os 3 meses que passei em La Plata (Argentina) no fim do ano passado mudaram minha vida. Lá a luta feminista tem muita força e conheci mulheres incríveis que mostravam na prática, não só no papinho clichê, que se amavam como eram. Boa parte delas saíam com frequência sem sutiã na rua, mesmo as de peitos pequenos, sem a necessidade de enchê-los de bojo. Me cerquei de pessoas inteligentes que não precisavam usar o corpo como propaganda e do alto dos meus simples 48kg (não, não posso nem doar sangue) comecei a repensar meus conceitos.

mulher-lendo3Nesse ano, porém, voltei a me sentir horrível após um trauma que abalou muito minha autoestima, achando que todos os problemas da minha vida se deviam ao fato de eu ser feia ou magra demais, mas o tempo foi passando e com a ajuda de amigos fui colocando a cabeça de novo no lugar. Nesses últimos tempos me apaixonei por Rubem Alves, Alberto Caeiro e Leminski. Conheci novas músicas, descobri o circo, resgatei velhas paixões e passei a ter coragem de olhar meu corpo no espelho todos os dias sem ter vontade de chorar. Infelizmente ainda tenho distorção de imagem, o que muitas vezes me faz  comprar roupas menores ou maiores que meu corpo, porque realmente não sei como ele é, mas hoje o mais importante aconteceu: minha mente está tentando entrar em forma. Joguei fora a carteirinha da academia e decidi fazer algum esporte por saúde, como natação, entrei para um grupo de estudo, tirei livros da estante e tentarei me manter firme na meta de me livrar da sensação de que não sei como é meu próprio corpo, que é tão apavorante como acordar a cada dia em uma casa nova e desconhecida. Esse é meu plano para o verão, desejem-me sorte.

Obs.: Escrever tudo isso é trazer à tona muita coisa que gostaria de apagar da memória, mas que não posso esquecer nem guardar pra mim, como se fosse motivo de vergonha, porque tenho ciência de que os problemas relatados aqui não são só meus. São também de cada mulher que sofre com a ditadura da beleza e de cada um, homem e mulher, que de alguma forma a apóia. Esse texto não é só meu, ele é nosso. Se tem ou conhece alguma história parecida, deixe-a nos comentários, isso é muito importante para desmistificar esse assunto que atinge tantas mulheres, mas que ainda assim faz a maioria sofrer em silêncio.

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87 respostas para Desabafo de uma mulher: O dia em que desisti de ser gostosa

  1. Sócrates Magno Torres disse:

    Na verdade, querida, os que te conhecem realmente, não estão surpresos. Esta atitude já era sua mesmo antes de passar por sua cabeça fazê-la. Agora só resta viver mais arejadamente…

  2. deboraqsantos disse:

    Sócrates, acho que às vezes tem coisas tão dentro de nós, que nem nós sabemos, entende? Grande beijo e obrigada por comentar.

  3. deboraqsantos disse:

    Quando escrevi esse texto, apesar de dizer que ele é nosso, não só meu, não esperava que fosse tocar tanta gente. Recebi mensagens de algumas mulheres e o que mais me surpreendeu foi que a maioria foi via mensagem privada do facebook, porque claramente elas ainda não conseguem falar disso abertamente. Decidi colocar os comentários aqui, sob pseudônimos, na tentativa de mostrar a cada vez mais gente que a luta é de todas nós. Me espantei com o número de pessoas que se surpreenderam com minha história, por me acharem magra ou bonita, porque sei que falaram com muitas boas intenções, mas isso reflete nossa cultura de achar que se alguém sofre com o corpo, é porque é gorda ou feia, como se beleza fosse sinônimo de felicidade. Espero que juntas possamos um dia nos livrar dessa opressão.

    Lúcia: “Dé, você foi muito corajosa com o seu post no blog. Eu tive bulimia em 2007 e 2008, foram anos muito difíceis. E me surpreendi de alguém que é magra sofrer das mesmas coisas, dizer coisas parecidas, sentir coisas parecidas. não importa se magra ou gorda, entendo agora que todo mundo pode sofrer destes distúrbios de auto imagem. obrigada por compartilhar. Um beijo.”

    Cris: “Dé, querida, li o texto que você publicou no blog. E eu, que sempre te achei tão bonita (tão bonita!), fiquei surpresa.Te desejo muito boa sorte no seu novo projeto e é muito bom saber que tenho mais uma compa feminista forte! Vamos trocar figurinhas!”

    Luana: “Arrepiei! E vc arrepiou tb, parabéns Dé, entrei na facul com 42kg tb usando seeeempre 2 calças e agora me sinto obesa com 48kg, sim a gente sempre pesou igual né kkk! Com certeza o seu texto vai fazer bem não só para vc como para muita gente, como eu. =D”

    Ana: “Eu sempre tive problema de autoestima e tudo por causa do meu peso e das minhas medidas. Sempre tive a impressão de magreza sinônimo de felicidade. Quanto mais magra, mais feliz. Não sei se é assim mesmo, pq eu sempre fui “sobrepeso”. Me sentia muito mal por ter amigas que tinham mais habilidade, chamavam mais atenção por serem altas e magras, esteriótipos desejáveis e invejáveis… sei que preciso de alguma ajuda psicológica, porque minha fome acompanha minha mudança de auto estima, e por isso, se estou muito feliz, como, pq estou feliz; logo depois, chorava e comia mais, pq eu tinha comido. E quando estava triste, comia também, e depois comia mais. Dé, as pessoas acham que você está bem, que sabem sobre você… mas não conhecem. Eu não sei se seu texto mudou minha vida, mas me senti muito bem de saber que pessoas magras são pessoas como eu. Me senti muito bem por saber que pessoas magras também tem problemas, e eu não sou nenhuma “anormal”. Dé, estou chorando por ler algo que eu sempre quis ter lido ou ouvido de alguém. Obrigada mesmo.”

    Tati: “Dé, achei demais… Eu mesma ainda to nessas de encontrar o equilibrio e a aceitação. Por millhões de coisas…inclusive o peso. Mas não tem nada melhor que vc acordar um dia e achar que vc está no melhor que vc pode ser, msm que seja com o cabelo torto ou uma banhazinha saindo da calça…ainda procuro esse meio termo entre fisico e psicológico e é bom saber que pessoas que estão no que eu acho o peso ideal ainda têm seus conflitos internos…ou não têm mais rsss 5kg acima do que eu quero mas agora realmente tentando me adaptar, e fazer o melhor por mim….no corpo e na mente…tamo junto!”

    Bia: “Você é uma linda, obrigada pelo texto e por compartilhar, com muita coragem, sua história.
    Caiu lágrimas do meu rosto, acabei de ler agorinha e não consigo transcrever em palavras o quanto te admiro!!”

    Clara: “Confesso que é um pouco surreal saber que esse texto foi escrito por uma das mulheres mais lindas que conheço, em todos os sentidos… Parabéns pela coragem, certamente vai ser útil pra muita gente também! “

  4. Marina Maciel disse:

    Débora, fiquei tocada com o seu relato, mas muito feliz com a saída que você encontrou.

    Muita sorte para você na sua nova trajetória e muita força! Espero que seja um plano para muitos verões.

    Abraços!

  5. Lucas disse:

    ”Não acredite nas revistas, você é LINDA!” é o que diz um papel colado num poste de rua por aí… Nunca vi o tal do poste, vi era uma foto desse tal poste com esse recado num compartilhamento alheio de facebook… Enfim, achei que não custava nada deixar um comentário só para lembrar você(s) desse fato.

  6. Sato disse:

    Boa sorte Dé! Estarei torcendo, mesmo distante.

  7. Lu Moura disse:

    Meu bem, você é forte que só – e seus verões prometem! Todas nós sofremos alguma coisa e relação às cobranças que nos são depositadas e que depositamos sobre os nossos corpos. Nós precisamos estar de bem com a nossa imagem, mas os padrões que recebemos são sempre os padrões irreais que nunca vão caber na nossa dieta, no nosso treino, no nosso cotidiano (a menos que você possa passar 5 horas por dia na academia, 5 vezes por semana, com acompanhamento de persona e nutricionista, o que eu acho que compete demais com qualquer tempo que se possa depositar em qualquer outra atividade da vida).
    Eu passei a minha adolescência inteira com vergonha dos meus seios pequenos, depois coloquei silicone e cheguei a querer que eles ainda fossem maiores, não ficaram grandes. Depois, quando desencanei dos peitos, passei a encanar com a barriguinha. Queria pernonas grossas, queria músculos trincados nos braços e no abdômen. Mas quando chego no vestiário da academia e só escuto falar de proteína, de treino, de quanto ganhou, de quanto perdeu, quando vejo aqueles macacões embalando à vácuo senhoras presas a uma beleza que já não é mais a delas (porque a delas existe sim, mas não naqueles macacões, não nessa busca doentia por uns 20 anos que já passaram há 40), ou que embalam a vácuo bundas tão grandes (não pode ser só de proteína, não é possível!) que parecem anômalas, quando vejo coxas tão grandes que mudam a forma de caminhar, penso que eu estou fadada a não ser gostosa, porque eu gosto demais de não ir para a academia porque faz sol, de acordar de ressaca e ficar vendo filme, ou de acordar bem e ler algum livro, ou sair pra passear. Isso, claro, nas minhas folguinhas, porque nos meus dias comuns, eu troco a academia pelas 300 páginas que eu tenho que ler para a faculdade por semana, pelos cursos de francês e de fotografia e por uma cervejinha à tarde porque só de rotina ninguém vive. Eu não posso ser gostosa, porque eu gosto demais de outras coisas além do meu próprio corpo, de outras coisas que precisam de um corpo e de uma mente sãos para aceitarem que existe vida fora de mim.

    • deboraqsantos disse:

      Lu, é realmente o que disse: uma busca doentia por algo que não é seu. Adorei seu comentário e principalmente sua frase final “Eu não posso ser gostosa, porque eu gosto demais de outras coisas além do meu próprio corpo”. Obrigada e grande beijo.

  8. Keico disse:

    Achei muito corajoso e muito bonito o que você escreveu aqui. Acho que toda mulher, em qualquer idade, em maior ou menor grau sempre está a mercê de ficar sob a ditadura da moda, da beleza, de ser a gostosa ou coisa assim. Eu sempre fui a garota que “não liga para essas coisas”, mas esta foi a forma que encontrei para justificar eu não querer colocar silicone para aumentar os seios ou a bunda, porque minha família não era tão abonada; ou pela dificuldade de atingir esse ideal de corpo. Hoje, um pouco mais madura, olho-me no espelho e gosto do meu corpo assim como ele é, embora às vezes ainda pense que poderia ter seios maiores, parecer mais”gostosa.” Mas eu sinceramente prefiro os meus pequenos peitos naturais a ter peitos que mais parecem balões inflados.
    O que quero do meu corpo? Que ele seja saudável para que eu possa fazer tudo aquilo que gosto: comer coisas gostosas, caminhar, fazer trilhas, jogar vôlei, badminton, tênis de mesa, andar de bicicleta , sair com amigos, dançar, sei lá, tantas coisas.
    Faço ginástica de academia no Sesc porque acho importante ter tônus muscular para ter uma boa postura e não sentir dores nas costas, para andar sem prejudicar meus joelhos, e sem judiar dos meus pés e também para ter um bom condicionamento físico para andar por aí, fazer caminhadas para subir montanhas ou andar por trilhas pelo mato. Quero envelhecer bem de saúde, com qualidade de vida podendo fazer tudo que faço hoje, mesmo sendo com alguma limitação, mas continuando a viver bem.
    E depois…. meu marido gosta de mulher com seios pequenos. Ponto.
    A singularidade de cada pessoa é o que faz o mundo ser interessante. Imagine se o mundo fosse povoado de pessoas todas iguais fisicamente e mentalmente. Que monotonia seria!

    • deboraqsantos disse:

      Keico, a diversidade é realmente linda, por isso que às vezes dá esse nó na minha cabeça, de não entender porque me cobro para ser igual a todos se nem é disso que gosto. Acredito mesmo que se exercitar por prazer e saúde é o caminho certo. Além de aprender a se aceitar dia a dia. Obrigada pelo comentário.

  9. Thiago disse:

    Pra se abalar tanto assim, você precisa é de um psicólogo. Sério. Essa obsessão por seguir a moda não é algo normal, não pense que a maioria das mulheres faz isso.

    • deboraqsantos disse:

      Thiago, concordo plenamente com você de que não é algo normal. É realmente um (vários) transtorno(s) que talvez precise mesmo de ajuda psicológica, mas discordo quando diz que não afeta a maioria das mulheres. Vejo meninas de seis anos dizendo que não querem ficar gordas e tenho certeza que isso não saiu da cabecinha delas, e sim de uma sociedade machista e cruel.

      • Barbara disse:

        Debora, a questão não é que ser gorda é algo ruim mas todos nós sabemos que uma má alimentação rica em açucar, gorduras que entopem as veias, que causam pressão alta, contribuem para o aumento do peso e o aumento do peso leva ao câncer mais tarde (obesidade). Quando criança devemos receber cuidados e atenção de nossos pais sobre a nossa saúde, e a anorexia também é outro fator gerado pelo preconceito/discriminação/ditadura/falta de apoio e atenção que o gordinho(a) tem ou até mesmo como foi no seu caso que já era magra. Muitas modelos de moda são vitimas diariamente pela anorexia, devido a falta de bom senso dos “profissionais” da moda que impõe á essas jovens que elas tem que emagrecer mais e só assim conseguirá uma carreira.
        Existe outras formas de se obter uma vida saudável que favorece a beleza, mas não vai ser por essa ditadura, pois a ditadura da beleza mata.

        Abs, e boa sorte pra vc.

      • deboraqsantos disse:

        Barbara, realmente tem a questão da saúde sim. Eu, particularmente, não acho legal a moda plus size, por exemplo, ainda que muitas pessoas possam me criticar por isso. Acho sim que deve existir roupa para todos os tipo. Não é porque uma pessoa é obesa que ela precisa se vestir mal ou não pode gostar de moda, mas criar um conceito para isso, incentivar com desfiles e tudo mais, acho que é ir pelo mesmo caminho que a fase de modelos com anorexia, só que ao contrário. O que é tão maléfico para a saúde quanto. Acho que a questão é achar o equilíbrio entre mente, corpo e saúde. Obrigada pelo comentário.

    • Nat disse:

      Não acontece com a maioria das mulheres a questão dos transtornos, transtornos mesmo. Mas acontece com uma GRANDE PARCELA, o que já é preocupante. Agora, a questão da preocupação EXCESSIVA com o próprio corpo, a baixa auto estima, não gostar do próprio corpo e ter ALGUM GRAU de sofrimento por conta disso, maior ou menor, afeta SIM, a maioria das mulheres.

      O relato acima é sim, subjetivo, é UMA história. Mas essa história está permeada, ou seja, ela apenas EXISTE por conta de uma sociedade de idolatria ao corpo e de ditadura da beleza. (que oprime mulheres e homens, mas que oprimes mulheres de uma maneira MUITO MAIS INTENSA)

      É importante não naturalizar nem individualizar transtornos… Principalmente esses famosos transtornos do século XXI, os transtornos alimentares, dismórficos corporais, ansiedades, depressão, TDAH. Eles não são uma questão meramente INDIVIDUAL e sim um reflexo dos padrões da sociedade na qual vivemos. Faz-se importante pensar em que padrões são esses que produzem essas subjetividades…

  10. Luiz Gustavo disse:

    Aiiiii minha amiga….que bom que conseguiste esse fato tão difícil em um meio machista escravizante…fico feliz quando uma nova geração anti-sexista começa a lutar contra essas coisas….

    • deboraqsantos disse:

      Obrigada pelo comentário e apoio Luiz. Fico feliz também de estar pelo menos conseguindo enxergar que não posso simplesmente me deixar levar e de ver que tem tanta gente que concorda comigo na luta contra tudo isso.

  11. Aline Abreu disse:

    Débora, eu como você sempre fui escrava da ditadura da beleza. Aos 12 não tinha peito e era magra demais, aos 15, com 1, 72 eu pesava 48/50 Kg, fiz de tudo para “engordar” e cheguei aos 58 Kg. Passei a usar calça 38 e me sentia “gostosa”. Aos 16, eu usava sutiã 46. Tinha o peito grande e todo mundo achava bonito. Depois de um acidente, aos 21 engordei até chegar aos 92 Kg(sempre tentando dietas milagrosas).
    Esse ano tive um problema na coluna e o médico me disse que eu precisava emagrecer. Com reeducação alimentar eu perdi 16 Kg e estava com 76 Kg. Estabilizei e resolvi fazer academia e acabei descobrindo que eu adoro Ioga e Pilates e musculação. Eu achei que ia odiar, mas pra mim é um prazer ir para a academia.
    Ganhei 1,5 Kg na academia, mas eliminei gordura e fortaleci os musculos da coluna. A Ioga e o Pilates estão me ajudando com alongamento e eu me sinto muito bem nos dias que faço exercício.
    Parei de me preocupar o tempo todo com o que eu como, mas naturalmente depois da reeducação eu acabo escolhendo coisas melhores para comer.
    As vezes me sinto em “crise” mas sei que pouco a pouco vou mudar isso.
    Fico feliz que você já tenha quebrado isso e espero que em um futuro próximo nós mulheres possamos estar tas livres.

    Aline

    • deboraqsantos disse:

      Aline, eu gosto muito de me exercitar também, acho que quando fazemos isso sem focar apenas em aumentar a bunda ou diminuir a cintura, o exercício deixa tudo melhor. O dia fica até mais bonito! A reeducação alimentar é um processo demorado, né? Mas me parece ser muito mais eficiente, porque é bem o que você falou: fica pra vida toda, mesmo quando a intenção não é mais emagrecer ou engordar. Obrigada por compartilhar sua história também.

  12. Rebeca Ellen disse:

    Quando me tornei uma mocinha desenvolvi bulimia. Como o biotipo da minha mãe é magérrimo eu acreditava que este deveria ser o meu corpo, não o aceitava mesmo vendo que meu corpo mais rechonchudo vinham dos genes do meu a quem eu também admirava muito. mas como toda menina quer se parecer com sua mãe, sofri bastante na minha adolescencia querendo ser algo que eu não era. Consegui vencer a bulimia mas as vezes me pego com pensamentos bulimicos. não quero que minha filha veja e queira fazer a mesma coisa já que ela me admira e me imita da mesma forma que eu imitava minha mãe. é uma luta constante mas aos poucos vamos vencendo.

  13. Mariane Nunes disse:

    Débora,

    Gostei do seu relato. Já sofri com a ditadura da beleza, comecei a trabalhar em shopping muito cedo em uma loja de roupas, aonde eu era sempre pressionada a estar impecável e seguindo os padrões que a moda pedia. Trabalhei de recepcionista algumas vezes e tb passava pela mesma pressão. Os caras que trabalhavam comigo chegavam a fazer “competição ” de qual era a recepcionista mais bonita. Eu ficava extremamente triste com essa atitude e essa falta das pessoas de fora entenderem as diferenças e apreciarem as diferenças. Agora com 24 anos, eu finalmente encontrei a paz comigo mesmo, mas demorou viu!? De um ano pra cá , eu senti essa mudança e aceitação. Comecei a fazer o seguinte racicionio:

    Eu sou gostosa, eu sou gostosa pra mim. Não sou o que as panicats ou que os meios de comunicação dizem ser gostosa. Pq eles o fazem pelo simples desejo de consumo e dinheiro. Ignoro qualquer imagem que venha acender essa comparação dentro de mim.

    Eu sou gostosa mesmo com a flacidez de quem perdeu muito peso na adolescência.
    Eu sou gostosa com os cabelos dificeis de serem lidados.(detalhe que meu pai era cabeleireiro, já fiz milhares de coisas no cabelo e eu gosto de mudar sempre, gosto de ter totalmente autonomia pra fazer o que quiser no cabelo. Se um dia eu quiser ele cacheado , vou usá-lo cacheado. Se um dia eu quiser ele liso, vou usá-lo liso)
    Eu sou gostosa mesmo com os meus ombros largos.
    Eu sou gostosa mesmo com um tanto de pele que ficou de onde tinha muita gordura.
    Eu sou gostosa mesmo com o nariz levemente de batatinha que tenho.
    Eu sou gostosa mesmo com a buchecha levemente fofa. rs
    Eu sou gostosa por conseguir me satisfazer na cama.
    Eu sou gostosa por ter seios normais, separados e que são de longe iguais aos estufados e duros de silicone. (Tenho certeza que se eu for colocar silicone , pois pretendia faz menos de um ano para levanta-los um pouco. Eu não sentiria o mesmo prazer que sinto nos momentos comigo mesmo. )
    Procure, se satisfazer por você, não espere de outras pessoas e de outros meios. Foi o que fiz e o que busco. As vezes, amigas me perguntam se eu fiz sexo no dia anterior , pois minha face estava maravilhosa sendo que na verdade eu fiz sexo, fiz sexo loucamente comigo mesma. E foi maravilhoso!

    O pensamento é o primeiro passo para a aceitação e um boa auto-estima. Quando eu tinha 13 anos , eu escrevi no meu diário “vou deixar de ser tímida à partir de hj”, e foi tiro e queda. Por isso seja gostosa, mas não seja gostosa do jeito que os outros dizem o que é ser gostosa, crie um novo conceito de “ser gostoso” e vá fundo, minha linda!!
    E sim, os livros são maravilhosos, eles foram a minha ajuda tb.
    Bjssss

  14. silenzii disse:

    Eu não ligo a mínima se eu sou gostosa ou não, eu nunca liguei. Quando eu era mais jovem eu tinha dinheiro, um marido que eu odiava e uma vida da qual não tenho saudades e que era movida a aparências. Eu parecia bem, parecia rica, parecia feliz e era miserável.
    Agora que estou beirando os cinquenta anos eu tenho um homem maravilhoso que me ama e que eu amo muito e nem eu nem ele ligamos a mínima para aparências. Sou muito mais feliz do que eu jamais fui.

  15. Lara disse:

    Débora,
    Também fiquei muito tocada com o seu texto e, especialmente, com a sua coragem.
    Sempre fui uma criança magra e uma adolescente magrinha. Tenho o estômago alto e minha cintura, apesar da magreza, não se destacava. Eu me sentia a criatura mais feia do mundo.
    Até que um dia, aos 13 anos, a minha mãe teve uma conversa comigo sobre vaidade, no ótimo sentido. Passei a usar calças mais apertadas, blusinhas menores e cabelos soltos. Rapidamente deixei de ser a esquecida e passei a ser observada pelos meninos da escola. Não foi o suficiente para ”conquistar o menino que eu já gostava há tantos anos” mas mudou muito a minha auto estima. Aos 14 quase 15 tive uma depressão profunda e cheguei a pesar 39 kg a ponto de não conseguir andar porque eu não comia. Não tinha forças nem para falar. E não parei de comer porque me sentia gorda, na verdade ainda não sei bem o motivo. Desde então minha luta tem sido contra um ”distúrbio de humor”, que me obriga a tomar estabilizadores de humor, que comecei a tomar em Janeiro e em um mês engordei 25 kg. Passei dos 50 aos 75 kg em tão pouco tempo que quando dei por mim estava num corpo que não era meu. Que não era eu!!!
    E, veja bem, eu tenho 1,53 de altura. Já pensei em tantas ”soluções”, tantas dietas.. já senti tanto nojo de mim e da barriga IMENSA que hoje sobre meu corpo. Raiva, revolta, tristeza.
    Perdi a vontade de me arrumar, de sair.. e sinto vergonha de tirar fotos porque ”essa não sou eu”
    Com o sobrepeso desenvolvi colesterol e triglicérides. Também tomo medicação para isso e comecei uma dieta mais a base de peixes e carnes magras e saladas. Perdi 5 kg. Ganhei mais 5 kg. Hoje continuo com os 75 e me sentindo uma aberração. Minha irmã se casa em dezembro e meu desespero só aumenta porque não quero estar ”obesa’ na festa e nas fotos.
    Meus pais também fazem muita pressão sobre tudo o que como do tipo, lá vai a gordinha, gordo só pensa em comer, etc. Sei que eles não fazem ideia que isso me faz mal e que não usam de maldade.
    Enfim, sei que a beleza está nos olhos de quem vê e, na minha opinião, melhor, nos olhos de quem sabe ver.
    Obrigada por compartilhar a sua luta num momento em que preciso começar a minha.
    Força!! A todas nós!

    Um Beijo,

    Lara.

  16. she ra disse:

    “que embalam a vácuo bundas tão grandes (não pode ser só de proteína, não é possível!) que parecem anômalas, quando vejo coxas tão grandes que mudam a forma de caminhar,” nossa, que horror. sabe, quando a gente espera que não julguem nossos corpos, é bom começar, nós mesmas, a não julgarmos as outras. me encaixo exatamente nessa descrição e nada impede que, nas outras 23h do meu dia, eu leia 300 páginas. aliás, pra ser professora universitária, além da graduação e de leituras vazias, eu fui, né? e, olha, é proteína com treino e alimentação voltada para esse objetivo. e se for hormônio, qual é o problema? tanta gente toma pílula, que é hormônio, toma remédio antiandrogênico pra hirsutismo… e aí? dizer que uma coisa é válida querendo invalidar outra é querer dar o troco na mesma moeda. que tal um pouco mais de sororidade, de aceitação dos diferentes e de menos julgamento? que as mulheres se olhem e olhem umas às outras com mais carinho e compreensão… uma mulher fiscalizando o corpo da outra é herança de uma sociedade machista. como se não bastassem os homens comendo mulheres com os olhos na rua, temos outras mulheres dizendo que uma coisa é melhor que a outra. uma bunda grande não impede a cabeça de se desenvolver. não são autoexcludentes!

    • deboraqsantos disse:

      O que você falou faz muito sentido, porque é mais comum do que pensamos acabarmos julgando as outras mulheres sem nem mesmo perceber. Eu não vejo problema em uma mulher treinar com foco na hipertrofia, se isso é o que ELA quer. Se te faz bem e faz com que goste mais de si mesma, está no caminho certo. O mais importante na minha opinião é que a gente tente se amar cada vez mais e, principalmente, prestar atenção em cada atitude para se livrar pouco a pouco dos muitos preconceitos que temos sem nem notar.

  17. Andrew disse:

    Olá, moça!
    Cheguei aqui por uma postagem no facebook. Li e achei muito perturbador o que a senhora passou. Acho que você não deveria passar por tudo isso sozinha. Mas o que eu sei? Mas uma coisa, qual foi o homem que disse que você esta magra ou gorda demais? Foi o seu pai? Seu irmão? Algum homem na rua debochou de você? Algum homem fez bullyng na escola? Que homem seria realmente um homem te fazendo passar por tudo isso? Um homem que fez com que você pense assim é um homem disfuncional! No caso das Panicats, eu realmente não acredito que você, inteligente como eu acho que você é, acredita em mulheres como as panicats. Mulheres como elas não são levadas a sério por homens de verdade. Desculpe o meu francês, madame, mas elas só servem pra fuder e nada mais. São mulheres que quando ficarem mais velhas, vão acabar sozinhas porque tudo que elas vivem é falso. E no fim, vão se dar conta disso!
    Ainda bem que essa fase passou! Torço por você, sua família e sua felicidade. E por favor! Não dissemine o ódio contra o homem. Os homens já não podem mais ser homens funcionais por causa de um ódio sem sentido.

    Obrigado e boa sorte!

    • deboraqsantos disse:

      Lara, obrigada por compartilhar sua história também. Que triste perceber o quanto somos “objetos” desde cedo, quando aos 13 anos já sentimos necessidade de usar roupas que mostrem mais o corpo, para conquistar os garotos. Passei por isso na adolescência também. Hoje, ironicamente, os homens que acho mais interessantes em geral abominam mulheres que priorizam o corpo à inteligência. Desejo de todo meu coração que possa perceber em algum momento que você é muito mais que a relação peso X altura e que possa aproveitar os bons momentos da vida, como o casamento da sua irmã, sem tantas preocupações, porque sei que isso é muito sofrido e gera uma angústia gigante. Sorte para nós e grande abraço.

    • deboraqsantos disse:

      Andrew, creio que talvez alguma parte do meu texto não tenha ficado clara, porque não foi nenhum homem especificamente que me disse algo de ruim. Na escola eu realmente sofri muito bullying sempre por ser muito magra, mas acho que a pressão vem desde sempre, nos modelos de “corpo ideal” que vemos o tempo todo na mídia. Além disso, não acho que existam mulheres só pra fuder nem tenho ódio dos homens. Muito pelo contrário, uma das minhas maiores lutas é para que esses rótulos deixem de existir, que as pessoas deixem de ser julgadas como “boas moças” ou “apenas para sexo” e que as pessoas possam ser tratadas com respeito e de igual para igual, independente de terem nascido com X ou Y em seus cromossomos. Obrigada por ter compartilhado sua opinião conosco.

  18. Larissa disse:

    Parabéns pela sua luta, Débora! Realmente sentir-se feliz com o próprio corpo é praticamente impossível no mundo de estereótipos em que vivemos. Tenho 17 anos e estou sofrendo o que você sofreu. Nunca fui anoréxica nem bulímica, mas posso dizer que um dos meus maiores problemas é a infelicidade com meu corpo. Comer e ficar triste depois, como você havia dito. Somos escravas de padrões estéticos quase desumanos! E na adolescência parece tudo mais difícil, já que os garotos geralmente olham para as meninas com “corpão”, as atrizes e cantoras são lindas e magras, as roupas da moda vestem 36. Bom, espero conseguir me espelhar em você, e, quem sabe um dia, eu não seja mais escrava do meu corpo.
    Beijos

  19. Fabi disse:

    É triste que nós nunca vamos conseguir sair desse ciclo de uma maneira real, nós podemos sim desistir dos padrões (até porque eles são impossíveis) mas as pessoas sempre vão estar lá para nos lembrar como somos diferentes, como nossa bunda, nosso peito, coxa ou cabelo não se encaixam naquilo que todos querem e deveriam buscar, é uma luta interna, forte que se torna externa toda vez que encontramos os maravilhosos machistas de plantão. É mais triste ver que isso nos foi passado de nossas mães, de nossas vós, tias e mulheres, que elas eram escravas desse padrão e por consequência nós também somos mas eu vou tentar , se um dia eu tiver uma filha, lembra-la como ela é linda, perfeita da maneira que ela for. para tentar ao máximo liberta-la dessa prisão.

    • deboraqsantos disse:

      Que bonito esse pensamento, Fabi. Com certeza parece utópico hoje sair desse ciclo, mas acho que de pouco em pouco chegaremos lá, nem que seja no mundo das nossas tataranetas. Se um dia acabar já terá valido a pena, seja quando for.

  20. Bianca disse:

    Olá, Débora! Venho te dizer que sofro com a ditadura da beleza, eu tenho 13 anos e tenho os seios caídos e grandes(é genético), e uma barriga um pouco maior do que as outras meninas… Eu sofro com isso porque eu vejo as meninas da minha escola, todas magras, com seus seios no lugar, suas barrigas sequinhas, e eu diferente delas.. Vejo minhas amigas e amigos comentarem “Nossa, como o peito daquela mulher é caído” e eu fico mal. Li seu texto e fiquei emocionada, quanto mais eu leio textos assim mais eu fico feliz por ver que não só eu mas várias outras pessoas lutam por isso ou lutaram, e mais eu vejo que a diversidade é linda, e que as diferenças são mais ainda! Grande beijo!

    • deboraqsantos disse:

      Juro que tenho vontade de chorar quando vejo uma pessoa tão novinha já sofrendo assim. Espero que esse texto e os comentários nele te ajudem a perceber que praticamente toda mulher tem problemas com o corpo por achar que as outras são mais bonitas. Mas se todo mundo ta pensando que a outra é mais “gostosa”, onde estão as “gostosas” de verdade? Entende o que quero dizer? É irreal! Entrar na adolescência é sempre muito sofrido, mas espero que você se cerque de pessoas interessantes que te ajudem a perceber que o mundo é muito mais do que nossos peitos e barrigas. Boa sorte, querida. Grande beijo!

    • she ra disse:

      um tumblr muito bom pra mostrar toda a diversidade de peitos e que todos são normais e bonitos! http://ourbreasts.tumblr.com/

  21. Rachel disse:

    Cara, nossa… foi perfeito, me identifiquei muitoooo! Os olhos até encheram de lágrimas, obrigada.

  22. she ra disse:

    fiquei tão perplexa com aquele outro comentário que nem falei mais nada. mas deixa eu contar um pouco da minha história. desde criança, minha mãe me dizia que eu era feia. branca demais, alta demais. sempre tudo demais. ela, garota carioca, da praia, morenona de sol. eu, uma nerdzinha que só queria saber dos livros, já que o mundo das meninas bonitas não era pra mim. cheguei a sair de festinha pela porta dos fundos aos 9 anos porque me achava feia demais pra estar lá. esqueci meu corpo e foquei na cabeça. passei por anorexia e bulimia, mas não pra me enquadrar em ideais de beleza feminina (já que isso já estava fora pra mim), mas pra “sumir”, “incomodar menos”, “ocupar menos espaço”. coisas que percebi só mais tarde depois de muita terapia.

    tempos depois, eu, que odiava exercícios físicos e tinha todos esses preconceitos sobre academia, fui obrigada a entrar numa pra curar um problema no joelho. fui religiosamente, as dores sumiram e tal. e fui pegando cada vez mais pesado. e usando camisetão, calça folgada, ainda me escondendo. as pessoas começaram a olhar pra mim e eu achava que me achavam esquisita. não, as pessoas tavam vendo como minha postura só melhorava, como abri os ombros e passei a andar mais ereta (trabalhando músculos da frente e de trás, a gente acerta as coisas)… e como eu levava jeito pra coisa. cresci ouvindo dos meus pais que eu não servia pra nada físico. e, de repente, eu levava jeito pra coisa.

    aí tive que aprender a comer pra aguentar os treinos. isso me ajudou a curar meus problemas com comida. sim, falo muito em proteína, sei calcular as coisas e frequento nutricionista esportivo. as dietas nunca são de fome até porque fome é sinal de catabolismo. problemas com comida resolvidos, joelhos mais estáveis… e minha mãe morreu de um câncer horrível, com um buraco na barriga de onde saía cocô. fiquei muito mal. a academia me salvou. quem já sentiu endorfina sendo liberada em treinos pesados sabe como isso (endorfina é opiáceo) melhora humor. óbvio que tinha tratamento com médico por trás. mas meu desejo de aumentar força física talvez seja um desejo de ser forte por dentro tbem. não existe dicotomia corpo/mente. somos uma coisa só. o físico libera coisas que afetam a mente. a mente afeta rendimento físico. a gente tem que se gostar e gostar dos nossos defeitos porque a gente só pensa em melhorar algo de que a gente goste.

    minha academia é super tradicional na cidade. frequento academia há 12 anos. continuei durante mestrado e doutorado. e sempre tendo que dar meu currículo pras pessoas entenderem que vc não precisa ser burra pra ter uma bunda como vc quer. na minha academia tem de tudo: gordinhos, magrinhos, gente nova, gente mais velha. senhorezinhos com bengalas. pessoas sem algum membro. pessoas superando suicídio de filho. pessoas que superaram já 4 recidivas de câncer. pessoas só querendo se curtir mais (e isso é pecado?). pela minha experiência, quem vai só pra ficar igual a uma outra pessoa abandona tudo em 3 meses… quem vai ali só pra se sentir bem acaba ficando. a gente não consegue se enganar por muito tempo. ainda mais carregando coisas pesadas nas costas. hahaha.

    então, peço encarecidamente. pessoas, repensem seus conceitos. tem gente babaca na academia? tem. como tem em todo canto. mas a gente nunca sabe a batalha que o outro trava na vida. então tenham mais compaixão antes de criticar uma bunda grande, uma perna grossa, uma menina que use anabolizante. a gente nunca sabe. sejamos mais amorosos uns com os outros… adorei o blog (e quase chorando com os comentários). um beijo.

    • deboraqsantos disse:

      Acho que sua história é o contraponto que precisávamos. Muito revelador ver o outro lado, de que você não precisa ser gordinha ou menos vaidosa para mostrar que não é fútil ou que não é uma mulher machista. Atacar uma mulher só porque ela tem coxas grossas (de academia) é ser exatamente o que estamos criticando tanto aqui. Complicado notar que ainda temos tantos reflexos dessa cultura de que mulheres são inimigas naturais entre si. Obrigada pelo comentário, abriu meus olhos para um ponto que não tinha analisado. Beijos.

  23. Carla disse:

    Realmente curti o seu texto!
    Minha história é diferente e ao mesmo tempo igual.. risos.. eu sempre fui magra, alta e de estrutura esquelética estreita, já viu né? Saco de Ossos (Olivia) Palito era o meu nome.. durante anos, fiz dieta para engorda, mas não conseguia nem um grama!! Foram longos anos de briga com a balança… Quando cheguei aos 25 anos, passei por uma fase complicada e parei de comer, fiquei neste estado durante uns seis meses, quando voltei a comer, meu corpo como uma forma de compensar o tempo perdido começou a acumular alguns quilinhos… Foi engraçado pois todos a minha volta começaram a dizer ” você esta engordando”, “você esta ficando com pneuzinhos”, “você tinha um corpo tão legal”, etc… Não dei bola pois, pela primeira vez em minha vida não precisava usar sutiã com enchimento ou colocar cinto para que minha calça parasse na cintura. Claro que não ganhei somente “peito e bunda”, no pacote também veio uma barriguinha sapeca, mas sendo muito sincera isso não me importou…. na verdade estas alterações em meu corpo, provocaram uma mudança na forma como eu o olhava e percebia, hoje sei que meu saquinho se ossos foi feito sob encomenda para mim!

  24. Almerio Barbosa disse:

    Dizem que mulher gostosa é aquela de bunda grande e coxas grossas. Eu digo que mulher magrinha, de pernas finas, são sexi, são femininas. Não existe padrão para beleza feminina e nem masculina. “QUEM SÓ ENXERGA BELEZA PADRONIZADA, SÃO PESSOAS LIMITADAS”.

  25. Karen disse:

    Ainda bem que vc desistiu de ser gostosa…Acredite, ser gostosa realmente não é tudo… Imagine só, eu sempre tive um corpo desejado por muitas mulheres, tenho o perfil de gostosa, não por eu buscar isso,mas pela genética (aliás, nem frequento acadêmia). Enfim, tenho desistido de ser gostosa pq acredito que deixando de ser gostosa eu atraia caras que estejam afim de um relacionamento mais sério, caras que não olhem apenas para o tamanho da minha bunda( pelo fato dela ser grande), caras que não criem estereótipos sobre mim, caras que queiram realmente me conhecer-conhecer minha personalidade- e não se limitem e nem me resumam apenas a “gostosa”. Ser gostosa nem sempre é tão legal, ainda mais no meu caso relatado,onde sou resumida apenas a uma mulher boazuda e, na maioria do casos, esquecem que o o tamanho da minha inteligência, do meu caráter e personalidade são extremamente maiores do que o tamanho da minha bunda.

    • deboraqsantos disse:

      Acho que você mesma já percebeu o principal: quem só consegue enxergar o tamanho da sua bunda nem merece sua preocupação em mostrar todo o resto. Tomara que se cerque de pessoas mais interessantes!

  26. Camila disse:

    Bem, eu sempre fui muito magra. Então na minha pré adolescência eu era um palitinho, e uma vez uma garota chegou para mim e disse: – Se eu fosse magra como tu, eu não iria parar de comer até engordar.
    Eu ficava mal, me sentia horrível, enquanto todas as minhas coleguinhas tinham peito, bunda, perna.
    Mas depois pelos 14 anos meus peitos começaram a crescer, meu quadril aumentou. Como sou alta nunca cheguei a ficar gorda, mas ano passado eu engordei um 5 quilos e todos me diziam que era melhor eu diminuir a comida enquanto ainda dava tempo.
    Sabe o que era pior para mim, nisso tudo? Nunca saber se o que eu via no espelho era como realmente eu era. Eu já não sabia mais se eu estava ficando gorda, ou se eu era magra demais. Aí, por causa dos outros, comecei a querer emagrecer. As vezes comia nada no café da manhã porque dormia demais e no almoço comia só alface e tomava uma xícara de café. Mas não funcionava, porque à noite eu comia demais e me sentia muito culpada por isso.
    Sinceramente, não sei quando comecei a me sentir bem com meu corpo. Eu ainda quero emagrecer uns quilos, sei que não estou gorda, mas eu acredito que uma alimentação saudável é importante.

    Abraços.

    • deboraqsantos disse:

      Sempre que ouvia esses relatos ficava torcendo pra um dia isso acontecer comigo (eu começar a engordar de repente), mas se acontecesse mesmo, acho que a reação das pessoas ia ser exatamente essa, de falar para eu comer menos, ainda que antes falassem para comer mais. Que bom que está feliz agora, assim como é!

  27. Carol disse:

    Que lindo texto!! Vou compartilhar com todo mundo!!!
    O feminismo também me libertou! Tenho 22 anos, e me sinto otima! A questão não é mais se sentir bonita, é parar de se preocupar tanto em ser bonita! E dai se eu for “feia”??? Existem coisas mais importantes na nossa vida pra gente se preocupar!
    Beijos! Tudo de bom!

  28. Elisama disse:

    Olá querida,
    concordo com o que disseste a respeito de sentir-se bem consigo mesma ignorando os conceitos de beleza atuais que, convenhamos, são cruéis. Mas, lendo o teu texto, senti vontade de comentar e externar meus pensamentos, por favor, não leve a mal.
    Deus é o único que pode preencher o vazio da alma e dar a verdadeira felicidade que tu mereces. Por experiência própria posso dizer que com Ele sou feliz em qualquer circunstância, Ele me completa em todos os sentidos, me ama e isso é maravilhoso. Ele ama você também e quer te fazer feliz em todos os teus caminhos.
    Se por acaso quiser conversar, aqui está meu e-mail: elisamatamaris@live.com

  29. Charles disse:

    Sou homem e queria entender porque as mulheres dão tanto valor pernas, bundas e seios perfeitos. Por que gastam rios de dinheiro em roupas que praticamente formam o corpo e por que passam vários dias da semana no salão de beleza. As mulheres não precisam serem lindas, apenas serem bonitas em compatibilidade com o homem, nada a mais, o resto é caráter e felicidade consigo mesma.

    • deboraqsantos disse:

      Creio que porque desde que nascemos somos inseridas em uma sociedade que exige tudo isso da mulher, Charles. Crianças de 5 anos já precisam competir para ver qual “princesa” é mais bonita, na televisão e mídia em geral a mulher mais gostosa é sempre a mais bem-sucedida… e mudar isso deve partir de cada um de nós, mudando nossas atitudes e ideias.

  30. vitoria disse:

    Olaa…adorei seu texto…tenho 17 anos e meio que desenvolvi isso de ficar sem comer,mas logo percebi.. há um tempo atrás..eu escrevi um texto sobre gordofobia e gostaria de compartilha com você! Seria legal se pudesse compartilhar com suas/seus leitores.https://m.facebook.com/#!/photo.php?fbid=151593675031034&id=148847195305682&set=a.148975395292862.1073741828.148847195305682&__user=100002802695114

  31. gostei do teu texto. eu me achava descolada com essa coisa do corpo… me achava que me amava demais e não estava nem aí para quem não achasse… até me questionar sobre depilação. me peguei colocando calça comprida para ir à padaria da esquina. se minhas pernas não estivessem em dia, eu não queria que amigos viesses a minha casa, ou corria pra depilar… daí eu tive esse dia também, de desistir de ser “gostosa”. comecei a deixar os pelos e nem foi fácil. parecia que o mundo me olhava. o padeiro, a vizinha, o gari, a estudante, a dona da loja de roupas, os clientes do restaurante… enfim, todo o mundo parecia parar para olhar. depois de umas semanas de neura, percebi que ninguém mais olhava. na verdade, pouca gente olhou, sabe? eram os meus olhos que viam isso em todo lugar. era minha culpa de não estar como o esperado que faziam o julgamento. enfim. ser livre é melhor do que ser desejada. e olha, meu companheiro nem deixou de me desejar… não vale nem a pena ser desejada por quem deseja cascas, né?

    • deboraqsantos disse:

      Uma amiga argentina às vezes ficava sem se depilar também. Reparei que muitas pessoas ficavam olhando para as axilas dela quando ela levantava o braço, mas a questão é que ela realmente não se importava, estava bem daquele jeito. Acho que essa postura desencanada dela acabava mostrando para os outros que não tinha nada de errado com ela e as pessoas desencanavam também. Uma forma de aprender pela vivência… genial.

  32. Olha, só te conheço por textos, portanto, estou longe o suficiente para dizer que se trata de uma mensagem que emociona. O estilo te tornou atraente e a inteligência delicada das colocações, bonita. Então, bem-vinda ao maravilho mundo das mulheres que merecem um olhar interessado.

  33. Tani disse:

    Me identifiquei muito com seu texto. E é bem isso, apesar de saber que somos perfeitas e que o padrão de beleza é imposto todos os dias a nós mulheres, mesmo assim, estamos descontentes, tentando chegar a este padrão. Eu sei que não tem porquê, eu sei que sou perfeita assim, eu sei que esta imposição tem um objetivo muito comercial…eu sei de muitas coisas, porém essa imagem de como o nosso corpo deve ser já está tão internalizada, como tu colocaste, desde a infância, que fica muito difícil de deixá-la para trás. Hoje, como você, ainda desconheço a imagem real de meu corpo. Também continuo nesta luta!!

  34. Pingback: Espelho, espelho meu... | Outramentos

  35. Wanda Karine Santana disse:

    Obrigada por partilhar a sua história! Desejo que tenha sucesso em tua caminhada!

  36. Louise disse:

    Adorei o seu texto, Espero que tudo dê certo.
    Quero ler mais coisas suas.. Bom dia 🙂

  37. jolene disse:

    Parabéns pela coragem de falar sobre o assunto, isso demonstra que voce ja esta em processo de cura.

  38. Aninha disse:

    Nossa parece minha historia Malho bastante e tbm peso 46kg meu sonho é pesar uns 53kg ou 54kg para me sentir gostosa. Sou inteligente e bonita mas nada me satisfaz tomo remedios que aumentam o apetite direto! Adorei seu relato mas nao tem jeito quero ganhar peso só assim serei feliz. Engraçado que a gente destorce tanto o corpo né? eu compro roupas menores direto aí tenho que ir trocar rs… Eu sou baxinha tenho só 1,55 vc não falou sua altura pra mim uns 52kg já seriam ótimos rs… Toda mulher passa por problemas de auto-estima pois somos muito exigentes conosco! bjus a todas

    • deboraqsantos disse:

      Anna, tenho a mesma altura que você e hoje peso 47kg. Não vou mentir dizendo que estou satisfeita assim,também queria pesar 52kg, mas não penso mais que a única coisa que poderá me fazer feliz será ter pernas grossonas e bunda grande. Espero de coração que você consiga encontrar muitas outras formas de ser feliz! Beijos.

  39. Parei de ler na redundância da sua argumentação sobre anorexia.
    Responda mentalmente: Você é realmente inteligente?

    Veremos até onde isso pode chegar.

    • deboraqsantos disse:

      Leandro, é uma pena que não tenha lido o texto inteiro antes de formar uma opinião, mas acontece. O texto, de qualquer forma, é um relato pessoal, não há argumentações a favor nem contra nada.

  40. Julianna furtado disse:

    Olha eu te entendo e to no mesmo caminho que você pois meu namorado me largou minha melhor amiga traiu minha confiança fui humilhada pois sou gorda ,não me sinto bem comigo mesma choro todos os dias tem dia que eu bebo so Aqua 😐
    Não consigo comer já fazia isso antes(colocava o dedo na garganta e tal mais parei porque meu namorado m fez achar que eu era bonita essas coisas mais depois que ele me largou fiquei totalmente sem rumo quase n sai do quarto não conversava com mta gente (e como eu to agr) e olha que eu apenas tenho 13 anos e difícil se olhas no espelho e ver uma baleia escrota !!!! Não sei o que fazer (e agradeço se não me der sermão ) bom obrigada por pelo menos ler

    • deboraqsantos disse:

      Ju, querida, não é em você que tenho que dar sermão, mas sim nessa sociedade escrota (porque ela sim é escrota, não você) que consegue fazer isso com uma mulher que ta só começando a se descobrir. Olha, acho que dessa história que me falou você deve ficar com a lembrança boa, de como seu ex fez você se sentir bonita. Pense que se já se aceitou e se amou um dia, sem necessidade de vomitar o que come, é porque você é capaz de fazer isso. Entendo que o momento é muito difícil e não quero minimizar sua dor, mas garota, bola pra frente. Eu já achei que ia morrer por causa de ex-namorado ou peguete umas 50 vezes. Juro, achei mesmo que ia morrer haha, mas cá estou, belíssima amando maaaais uma vez! Pensa em quantas pessoas você conhece que casaram e viveram felizes para sempre com o namorado de 13 anos? Pouquíssimas, gata! É duro, mas namoro aos 13 foi feito pra gente criar experiência mesmo e ser cada vez mais feliz e madura. Se tiver triste chora, meu bem, chora tudo que tem para chorar por uma, duas, quatro semanas… e depois bora lá, que uma vida inteira te espera! E, acredite, não será o tamanho da sua bunda ou ausência de barriga que determinarão os rumos dela! Qualquer coisa estou aqui! Fique bem! Grande abraço

  41. Julianna furtado disse:

    Olha muito obrigada por tentar me colocar pra cima ,eu to tentando mais tem certas horas que não mais eu quero conseguir esquecê-lo dediquei 10 a ele (mais a MIA e minha amiga me fez emagrecer aí eu parei um pouco e comecei a engordar dnv por isso a MIA voltou a ser minha amiga dnv) muito obrigado msm espero que vc fique bem também pega meu e-mail p mim te contar tudo o vc me ajudar jufurtadop@yahoo.com.br BJUH

  42. julianna disse:

    olha vc tinha completa razão melhorei mto pke relendo a sua historia to parando com isso

  43. Julianna furtado disse:

    Tenho tanta coisa p te fala 1 parei com a bulimia 2 parei de gostar do meu ex e VDD TUDO PASSA MSM 2bjuhs me manda email p mim te fl tudooooo
    Foi bom encontrar ALQUEM que entendia do assunto

  44. Fernanda disse:

    Achei esse blog procurando mais uma dieta maluca! E, quando vi que o seu desabafo era por ser magra nem acreditei! Sempre pensei assim melho ser magra q é facil de ganhar peso do que gorda e n conseguir emagrecer nunca. Estou realmente surpresa e ao mesmo tempo confortada por saber que o sofrimento do espelho não é único meu e nem do meu padrão. Parabens pelas palavras e pela coragem.

  45. eu acho que isso e desculpa de baranga mesmo, uma gorda que deve ter tentado de todas as maneiras emagrecer e como nao conseguiu vem com esta historia de que esta se libertando, me poupe mulher e muito futil, so vive pela aparencia, toda mulher so pensa em ser gostosa e agradar nos homens, as que nao conseguem alcançar seus objetivos (por incompetencia) vem pagar de intelectual

  46. Sandra Volcov disse:

    Falou, falou e só se esqueceu de uma coisa: Quem disse que para ser gostosa precisa ser magra?? Existem milhares de pessoas que são gordas e muito bonitas. Agora, querer seguir o padrão que a sociedade impõe para os simples mortais é praticamente impossível. Apenas 1% da população faz parte deste modelo, portanto, seja você mesma e não se cobre tanto. E, no final de nossas vidas, não se esqueça que todos nós, sem exceção, atingiremos este modelo! TODOS VIRAREMOS CAVEIRAS!! Força!

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